quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Segundos de nostalgia

Navegando mais um dia, na grande mãe da comunicação chamada Internet, deparando-me com tantas bizarrices, tolices e falsos sentimentos e em meio a tantas pessoas desconhecidas e conhecidas...algumas que jamais conhecerei...resolvi ver fotos antigas em orkut de amigos e colegas...

Embaralhado ao meio daquelas páginas azuis, já tão famosas no meio juvenil, encontram-se tantas fotos, novas/antigas...de festas/pessoas que já não estão mais entre nós...das risadas/lágrimas...dentre tantos sentimentos, que por muitos intensamente vivenciados não foram.

Sentado na cadeira de couro e aço prata do escritório, a temperatura friamente exata de 23 graus, ao leve barulho do ar-condicionado, em que o aço fere a pele com mais algidez, e ao som de homens trabalhando na rua em frente. Um bom livro, ainda no início, chamado "O Primo Basílio", me cansei de toda aquela asneira e fui até a janela ver o que se ocorria lá fora. Logo percebi que muita coisa não havia acontecido. Mulheres na piscina do prédio ao lado, com seus corpos esplendorosos e seus chapelões de Panamá a beira d'agua, debaixo de um sol escaldante de trinta e tantos graus. O ar mansamente parado, a folhagem das poucas árvores na avenida logo em frente estavam calmas. Logo então, num súbito estágio de nostalgia do meu cérebro, lembrei-me da Universidade em Piracicaba.

"Inicialmente lembrei-me de uma vez ainda menino, em que visitei a Universidade Metodista de Piracicaba...aquele nome monstruoso me apavorava! No momento em que entrei no Campus fiquei com mais medo ainda, pois o própria universidade era um monstro monstruoso. Apesar do medo, o sonho era maior. Ah...o sonho de ser doutor...de ser alguém...o sonho...

Anos mais tarde, carregando ainda meus recém 17 anos de idade e trazendo uma criança sincera e inocente ao curso de Direito, novamente o monstro me fez sentir medo. Medo daquelas oitenta e tantas pessoas dentro de uma grande sala frígida, com um engravatado falando frases em latim e uma grande balbúrdia nos corredores a fora. Logo percebi que aquilo não era meu sonho, não era o meu futuro. Desisti...sim, eu desisti...

A desistência não fez o menino parar de sonhar, e sim buscar novos caminhos.

Algum tempo depois de voltar das longas férias de um ano em Santos, sim férias de um ano...resolvi procurar um curso mais dinâmico, um curso que me desse o prazer de trabalhar...Escolhi Hotelaria, porém o curso foi cancelado pela faculdade. Então, resolvi tentar Comércio Exterior...sempre gostei de novas culturas, sempre fui curioso e tive vontade de viajar.

Quando chegou o resultado do novo vestibular, minhas mãos suadas e tremulas rasgavam aquele envelope timbrado rapidamente, querendo saber qual seria o meu futuro dali para a frente. Longas eram aquelas linhas e entrelinhas...como era difícil encontrar a pontuação da prova...Até que encontrei...encontrei porém não acreditei...pálido eu fiquei...gritar logo tentei...mais foi com as lágrimas que me deparei!!!

Corria do meu quarto para a sala, da sala para o outro quarto, deste quarto para a cozinha, até que desvancilhei-me em pranto junto ao ombro de minha mãe. Ela sem muito entender, logo perguntou o que havia se sucedido para tal pranto correndo em meu rosto... por que motivo haveria eu, seu filho, estar derramando lágrimas de tristeza??? Então logo respondi que as lágrimas de tristeza não haviam de ser...as lágrimas eram de tanta alegria... da felicidade de conquistar algo...a alegria de estar conseguindo vencer a vida tão sofrida vivida...e ainda vencer tão sublimemente, pois passado em primeiro lugar no vestibular, como resposta a carta logo trazia.

Logo as aulas iniciaram, e mais uma vez o monstro parecia me engolir. Pessoas novas, novos amigos, novos professores. O medo ainda era grande, mais acostumado estava ficando. Os semestres se passavam, professores entravam e saíam da vida dos alunos. Amigos, inimigos, colegas, aqueles que deixaram de ser amigos, novos amigos que entraram no meio do curso, amigos e inimigos que desistiram no meio do caminho...este era o cenário da universidade, o grande fluxo de pessoas tentando mudar o futuro."

PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...PLIN...

Com o soar do telefone do escritório, voltei do meu lapso nostálgico, e percebi que muito do que eu tinha vivido reflete-se em minhas atuais atitudes.
Ontem estive em reunião com o coordenador do curso da Faculdade de Comércio Exterior da Universidade de São Paulo. No momento em que olhei para o prédio em que eu estudaria, me deparei desta vez com um gigante de vidro, com vinte e tantos andares, todo fechado, cheio de jovens paulistanos estúpidos, perturbados pela vida da grande cidade e engajados sempre na futilidade da vida urbana. Percebi então que eu poderia ser mais gigante que o prédio, pois ele era gelado e sem sentimentos, enquanto eu conseguiria ser maior por conseguir cativar e conquistar pessoas. Após sair da difícil reunião de negociação de disciplinas, me dirigi ao elevador e subi até o terraço do prédio...o mais alto que eu poderia chegar...fui a área livre do terraço, e com uma mochila nas costas, um chiclet's e um celular no bolso, mais uma vez imaginei que estava iniciando mais uma fase em minha vida...mais uma fase de batalhas e conquistas...sendo assim, me desloquei sorrateiramente até a ponta do terraço, e segurando bem firme na gelada barra de ferro, com um vento que cantava atrás de minha orelha, e um sol que vinha caindo bem de mansinho ao longe atrás dos prédios da infinita São Paulo, prometi que ali iniciava-se mais uma batalha, e que logo se teria mais uma conquista.

Um comentário:

  1. tudo que vc escerve e lindo..
    naum preciso comentra escrita neh...
    vc escreve maravilso...
    e ver se para de ficar fazendo o doido quando ler o meu dfotolog....

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